sábado, 5 de abril de 2025

Brasil deixará de exportar milhões de sucos de laranja e toneladas de carne aos EUA com tarifaço

 


Brasil deixará de exportar milhões de sucos de laranja e toneladas de carne aos EUA com tarifaço


O alerta foi feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); entidade pede vias diplomáticas para negociação com Trump


Atualizado em 04 de abril de 2025 | 16:36


Donald Trump, durante corrida eleitoral no Partido RepublicanoFoto: Christian MONTERROSA / AFP

O Brasil pode deixar de exportar 743 milhões de litros de suco de laranja e cerca de 17 toneladas de carne bovina para os Estados Unidos, após o tarifaço anunciado por Donald Trump nesta semana. O alerta foi feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em nota que a entidade pede que o Brasil adote ‘vias diplomáticas’ para negociar com a Casa Branca.

De acordo com a CNA, o protecionismo de Trump vai afetar não só o Brasil, mas grandes países produtores de produtos agropecuários. A Confederação alertou, ainda, que novas taxas poderão ser impostas por Washington. "Caso o governo dos EUA considere que as medidas anunciadas não sejam eficazes na resolução do déficit comercial geral", disse a entidade.

Com a alíquota geral de 10% sobre os produtos brasileiros, o principal prejudicado será o suco de laranja. O produto já tinha uma taxa de 5,9% e, agora, com a sobretaxa, será submetido a 15,9%. Até 2023, o Brasil exportava cerca de 1 bilhão de litros aos Estados Unidos, mas após o tarifaço o volume deve cair a 261 milhões de litros.

No caso da carne bovina, que já tinha uma cobrança de um imposto de 33%, agora terá um tributo de 43%. O volume de exportação deve cair de 73 mil toneladas a 45 mil toneladas. Outros produtos brasileiros que serão impactados são a cana-de-açúcar, álcool, arroz e feijão.

“Cabe ao governo brasileiro seguir explorando a via negociadora com os EUA para buscar mitigar as tarifas anunciadas e alcançar benefícios mútuos para ambas as nações”, pediu a CNA. A Confederação rechaçou a retaliação neste momento. O Congresso aprovou o PL 2088/2023, que estabelece a Lei da Reciprocidade, e o texto seguiu para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Deve ser utilizado apenas após o esgotamento dos canais diplomáticos, para defender os interesses brasileiros. A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) defende o livre comércio por meio de acordos que diversifiquem mercados, aumentem a renda dos produtores e ampliem o acesso de produtos agropecuários ao consumidor”, finalizou a entidade.


Pauta exportadora

A CNA informou que os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos somam US$ 12,1 bilhões, conforme balanço de 2024. No ano passado, os produtos do agronegócio tiveram os Estados Unidos como o terceiro destino principal, ficando atrás apenas de União Europeia e China.

"Ao longo dos últimos dez anos, a participação dos EUA na pauta exportadora do agronegócio brasileiro sempre figurou entre 6% e 7,5%", cravou a CNA. Os produtos brasileiros que lideram as exportações ao território norte-americano são: 

Café verde

Celulose

Sucos de laranja

Carne bovina in natura

Madeira Perfilada 

Açúcar de cana em bruto 

Obras de marcenaria ou carpintaria 

Carne bovina industrializada 

Madeira compensada ou contraplacada

Sebo Bovino

"Os produtos mais afetados serão os que o Brasil já é altamente representativo no total das importações dos EUA, isso porque, nestes casos, o Brasil não teria 'espaço' para ganhar de um eventual concorrente, sendo o único ou principal país afetado. É o caso dos sucos de laranja resfriados e congelados, onde o Brasil responde por 90% e 51% das compras americanas, respectivamente; da carne bovina termo processada, com 63%; e do etanol, com 75%", 

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