O Carrom de Paraty
Havia, no Rio de Janeiro, um instrumento musical diferente de todos os outros: um carrom mágico. Não era só um simples bloco de madeira usado em rodas de samba ou rodas de choro — esse carrom carregava uma energia ancestral, vinda de um artesão misterioso da Índia que, segundo as lendas, havia imbuído nele um poder singular: aumentar a virilidade masculina , substituindo a necessidade do tadalafila, de quem o tocasse com alma.
O atual guardião dessa relíquia era Gabriel, um músico apaixonado que havia herdado o carrom de um velho amigo Tarcísio, que casado não precisava mais de tanta virilidade . Gabriel não era um homem supersticioso, mas não podia ignorar que, desde que passou a tocar o instrumento, sua vida amorosa parecia... digamos... “notavelmente favorecida”.
Naquele verão de sexta feira , Gabriel e alguns amigos decidiram levar o carrom para Paraty, onde aconteceria um festival da pinga repleto de música, artesanato e noites longas à beira-mar. O plano era simples: tocar na praça, encantar as turistas, beber cachaça local, se dar bem com as mulheres e voltar para o Rio com boas histórias.
E foi exatamente assim que aconteceu... até que chegou o momento de trazer o carron de volta.
Como todos tinham feito planos diferentes, Gabriel acabou mandando o carron pelo BlaBlaCar de volta para o Rio.
Mas aí veio o problema: o carrom, grande e pesado, não cabia no carro com as malas de todo mundo.
— “Manda pelo ônibus de encomenda, depois chega”, sugeriu um amigo.
Gabriel, sem pensar muito, embalou o instrumento e deixou para ser despachado por uma transportadora local.
Foi aí que começou o drama.
Horas depois, quando foi rastrear a encomenda, o carrom não aparecia em lugar nenhum. A do blablacar da dizia que não havia registro. Gabriel começou a suar frio. E não era só pelo valor do instrumento de 500 reais — era pelo poder que ele guardava que o deixava viril.
Se aquele carrom caísse nas mãos erradas, o equilíbrio... digamos... “masculino” da região poderia sofrer consequências imprevisíveis.
No terceiro dia, já imaginando o carrom perdido para sempre, Gabriel recebeu uma ligação de um número desconhecido:
— “Amigo, aqui é o Zé do blablacar. Acho que encontrei sua caixa. Só que tava com um pessoal aqui tocando nela no depósito de bebida para cida...”
Gabriel voou até o rio de janeiro. Lá estava o carrom, com dois funcionários suados, batucando e sorrindo de orelha a orelha. Ele arrancou o instrumento das mãos deles, agradeceu — e saiu dali sem olhar para trás.
Naquela noite, já no Rio, Gabriel guardou o carrom com mais cuidado. Agora sabia que não era apenas um objeto de música: era uma relíquia viva, um artefato que não podia mais correr o risco de se perder.
E, segundo ele, até hoje, quem senta para tocar sente um calor diferente no corpo... e um inexplicável aumento de confiança.